De uma maneira sustentável e barata, utilizando garrafas com lama e cimento como matéria-prima, nigerianos constroem residências à prova de balas e resistentes à terremotos. Além disso, conseguem manter a temperatura interior em 17º através da alimentação pela energia solar, o que eleva o teor de conforto aos habitantes.
Dúvidas gerais
1 – Quanto se gasta para fazer uma casa dessas?
Normalmente pode-se dizer que o custo baixa entre 40% e 60 %, com respeito ao preço da construção tradicional, dependendo do tipo de obra que está sendo construída. Estes valores ocorrem principalmente porque as garrafas atuam como economizador de cimento.
2 – A casa é segura mesmo? O vento não leva?O resultado dos teste surpreendeu, dando resultado de 1,94 MPa. A tolerância para blocos de concreto, de acordo com o autor da ideia, é de 1,5 MPa.
3 – Como é a temperatura da casa?Os tijolos são materiais que absorvem calor e não conseguem dissipar. Com esses blocos feitos com garrafas, as casas ficam bem mais frias.
4 – Quantos dias leva para construir uma casa do tamanho acima?Para construir uma casa dessa, são utilizados blocos feitos com cimento, areia e as garrafas. Quando se tem todas as formas, é possível que a casa seja construída em apenas três dias.
A construção
5 – Qual a média de garrafas pet preciso juntar para montar minha casa?Com 46 metros de área coberta, sendo dois quartos, sala, cozinha e banheiro, o projeto piloto de Antonio Duarte leva em conta as projeções estabelecidas para financiamento da Caixa Econômica Federal e reuniu 2.700 garrafas pet.
6 – Que tipo de garrafas podem ser usadas?
Em geral pode-se usar todo tipo de garrafas plásticas, o único segredo é ter a quantidade suficiente para terminar a obra. Podem ser usadas diferentes garrafas em uma obra, mas não devem ser misturadas na mesma parede.
7 – Como construímos as colunas e qual a proporção da mistura?Nas colunas podem ser usadas garrafas de 500 ou 600 ml formando um círculo de 11 garrafas. No centro amarram-se entrelaçadamente os gargalos com sisal ou nylon. A mistura pode ter uma proporção de 1:6:0,5 (1 de cimento, 6 de areia e meia de cal), mas muitos projetos mais simples usam somente barro para construir as paredes e colunas.
8 – Como se amarram as garrafas em uma parede?Usa-se sisal ou fios de nylon normalmente utilizado na agricultura. Deve-se amarrar cada garrafa entre si como se fosse uma rede tanto nos gargalos quanto na base da garrafa . A base é entrelaçada dando uma volta com o laço quando a colocamos. Nos gargalos, igualmente, deve-se dar uma volta de modo a entrelaçar umas com as outras em uma forma losangular.
9 – Qual a proporção da mistura das paredes?
Nas paredes são usadas normalmente uma mistura de terra com calcário/barro muito similar a argila onde ainda pode ser acrescentada a palha de arroz. A proporção é de 1:6:1 (1 de cimento, 6 de argila e uma de cal). Esta mistura com o cal e cimento serve para evitar problemas em épocas de chuva.
A mistura pode ser ainda a mesma usada para fazer as colunas com uma proporção de 1:6:0,5 (1 de cimento, 6 de areia e meia de cal). Para a construção de cabanas pode se utilizar a mistura com a proporção de até 1:10:0,5 (1 de cimento, 10 de terra e meia de cal).
10 – Como as garrafas são preenchidas?
Usa-se um funil que pode ser feito com o gargalo de uma garrafa menor. Para enchê-las podem ser utilizados quaisquer sólidos como terra, areia, palha de arroz ou trigo e inclusive resíduos de compostagem. O importante é que quanto mais seco é o material, mas fácil se enchem as garrafas.
Aplicações pelo mundo
A artesã boliviana Ingrid Vaca Diez desenvolveu uma técnica para construir casas com as garrafas. Algo improvável, que pode ser a solução para a moradia de famílias de baixa renda. A ideia surgiu após uma conversa com uma garota de seu povoado. Sensibilizada com a história da menina, Ingrid decidiu testar a utilidade das garrafas para a construção. Ingrid tinha como intenção dar aos necessitados a possibilidade de obter e elaborar com seus próprios recursos um lugar digno para viver. Como a artesã guardava muitas garrafas em sua casa, por conta do artesanato, o material já estava em mão para colocar em prática sua ideia inovadora.
Para construir uma “Casas de Botellas” (casas de garrafas) é necessário, garrafas PET, garrafas de vidro, cimento, cal, areia, cola, sedimentos, resíduos orgânicos, aros e glicose. A primeira casa edificada por Ingrid teve 170m² e nela foram utilizadas 36 mil garrafas plásticas de dois litros.
O casal salvadorenho Maria Ponce, 78, e Prudencio Amaya, de 102 anos, construiu junto uma casa com garrafas de plástico recicladas.
Esta moradia sustentável, apelidada de “La Casita Encantada”, localizada perto de El Transito, em El Salvador, atrai muitos turistas que gostam de ver a criatividade do casal e apreciar seus esforços. A construção é pequena, porém bastante confortável. A casa foi decorada com pinturas coloridas e outros pequenos itens.
Construída em San Pablo, nas Filipinas, a escola feita com garrafas plásticas descartadas é a primeira deste tipo na Ásia. O projeto foi concebido por Illac Diaz, juntamente com a MyShelter Foundation (Fundação Meu Abrigo).
A escola foi construída com milhares de garrafas de 1,5 e 2 litros de refrigerante e água. As garrafas PET foram preenchidas com adobe líquido, que é constituído basicamente de terra crua, água, palha ou fibras naturais. A combinação, que é relativamente barata, chega a ser três vezes mais forte que o concreto.
Um restaurante flutuante já é realidade em Vancouver. A construção, desenvolvida pela empresa Good Weather Collective, usa 1,7 mil garrafas PET e é fruto de uma parceria entre o “C Restaurant” e a Fish Foundation, organização que forma chefs de cozinha preocupados com a pesca sustentável.
“O edifício, que foi desenhado para resistir a tufões e terremotos, terá 130 metros de comprimento, 40 metros de largura e 26 metros de altura, e utilizará 1,5 milhão de garrafas de plástico recicladas”, disse à agência Efe Arthur Huang, diretor da construtora sustentável “Miniwiz Sustainaible Energy Developments Ltd”.
Segundo os responsáveis pelas obras, a construção será utilizada como centro de exibições, e será pioneiro no mundo. “Ninguém no mundo construiu um centro de exibições com garrafas de plástico”, garantiu Huang.