Buscar soluções cada vez mais resistentes mecânica e quimicamente, com eficiência termoacústica, estanques à umidade e com maior praticidade de aplicação, otimizando a instalação, é o desafio das empresas especializadas na produção de revestimentos para fachadas, principalmente os de natureza industrial. Entre os requisitos que se destacam como essenciais estão a maior estabilidade da cor - que não pode desbotar ao longo do tempo - e a impermeabilidade, entre outros capazes de diminuir custos e a periodicidade da manutenção. Além disso, pesquisas de novos materiais e composições trouxeram ao mercado brasileiro placas com grandes proporções e, em certos casos, ainda mais leves do que os revestimentos tradicionais.
Há vezes em que a naturalidade do material permanece no cerne da questão, como no projeto do escritório FGMF Arquitetos para o edifício Corujas, situado em São Paulo. Nele, o emprego de madeira na fachada serviu para criar a relação de continuidade dessa superfície com o forro e o deque das áreas comuns da edificação, assim como para mesclar a variação natural de tons. “As pessoas podem ver de perto e até tocar nas peças. Se fosse um produto sintético, tão próximo do público, a diferença seria mais evidente”, ressalta o arquiteto Fernando Forte, um dos autores do projeto. Mas, com a diversidade oferecida pela indústria de revestimentos para fachadas, a tendência é que os projetos considerem a demanda pelo desempenho funcional, com o emprego de produtos e sistemas que gerem maiores coeficientes de ventilação ou que até mesmo produzam energia elétrica, através de painéis fotovoltaicos, para consumo na própria edificação.
NOVAS POSSIBILIDADES
Como a estética é sempre levada em consideração, há cada vez mais produtos capazes de reproduzir com fidelidade a aparência de elementos naturais, como o utilizado pelo escritório Biselli Katchborian Arquitetos na fachada do Colégio Cristo Rei, em São Paulo. Artur Katchborian, que esteve à frente do projeto, explica que o material híbrido empregado, composto por 70% de pó de madeira e 30% de polímeros, da Lesco, tem grande semelhança com a madeira. “Trabalhar com madeira é difícil, ainda mais em uma edificação que tem área de fachada grande como a do Cristo Rei. Se a tivéssemos utilizado, seria necessário lixar, selar e envernizar anualmente a superfície, por causa da ação do sol”, esclarece o arquiteto.
Como a estética é sempre levada em consideração, há cada vez mais produtos capazes de reproduzir com fidelidade a aparência de elementos naturais, como o utilizado pelo escritório Biselli Katchborian Arquitetos na fachada do Colégio Cristo Rei, em São Paulo. Artur Katchborian, que esteve à frente do projeto, explica que o material híbrido empregado, composto por 70% de pó de madeira e 30% de polímeros, da Lesco, tem grande semelhança com a madeira. “Trabalhar com madeira é difícil, ainda mais em uma edificação que tem área de fachada grande como a do Cristo Rei. Se a tivéssemos utilizado, seria necessário lixar, selar e envernizar anualmente a superfície, por causa da ação do sol”, esclarece o arquiteto.
As características artificiais do produto permitem instalação rápida e limpa e, no que se refere a segurança e demanda por manutenção, tem entre suas vantagens a não‑propagação do fogo, a alta resistência contra pragas, o fato de não estufar, não soltar farpas nem exigir a aplicação de verniz ou o lixamento. O que se recomenda, no entanto, é aplicar periodicamente jatos de água ou ar para eliminar a poeira.
No que diz respeito à resistência química, uma das demandas para fachadas de edifícios em grandes centros urbanos é a resistência contra a pichação. Aliado à propriedade de repelir água, umidade e de ser imune à ação do sol, ganha destaque o desempenho antigrafite da superfície, resultante da adição de material especial à composição do produto, formado por núcleo laminado de alta pressão, verniz de proteção e madeira natural estratificada. É o caso, por exemplo, do Parklex, produzido na Espanha e distribuído no Brasil pela Projetoal.
Além da preferência pelo uso de produtos com a aparência de matérias-primas naturais, há grande demanda pela personalização de fachadas, seja em relação à cor ou ao formato. Quanto ao primeiro aspecto, a Atlas Cerâmica, por exemplo, desenvolveu técnica capaz de reproduzir qualquer cor ou tonalidade, incluindo a escala Pantone, em suas pastilhas de porcelana e de revestimentos cerâmicos (encomendas especiais devem considerar a quantidade mínima de 300 metros quadrados). Em relação ao formato, a linha Dekton, criada pelo grupo Cosentino, pode ser usada tanto vertical quanto horizontalmente e possui padrão tridimensional de desenho capaz de simular vasta gama de materiais, como pedras, cimento e outros. A produção em grandes formatos - estão disponíveis chapas com 320 x 144 centímetros, em espessuras de 0,8, 1,2 ou 2 centímetros - torna possível adaptar o material aos mais diversos tipos de projeto. O Dekton é feito a partir da tecnologia de sinterização de partículas (TSP), misturando-se componentes do vidro, da porcelana e do quartzo, que garantem, por exemplo, a estabilidade da cor das superfícies, sua baixa porosidade e elevada durabilidade.
INTERFERÊNCIAS CLIMÁTICAS
É através da fachada que ocorrem as trocas de calor do edifício com o meio ambiente e, por isso, é necessário que o seu revestimento seja eficaz na proteção contra as variações térmicas. Também são inúmeros os fatores que, a longo prazo, podem danificar as fachadas, desde a ação das intempéries, das radiações diretas, a umidade, infiltração e a ocorrência de pontes térmicas - quando há a interrupção do isolamento - até problemas de condensação. O engenheiro José Luiz Canal, de Porto Alegre, mas com atuação consolidada também em São Paulo (leia PROJETOdesign 407, janeiro/fevereiro de 2014), acredita que atualmente a equipe de arquitetura deve contar com a presença de um projetista de fachada, um de acústica e um de climatização. “O leque de [projetos] complementares aumentou para que o prédio possa ter melhor desempenho”, ele afirma.
É através da fachada que ocorrem as trocas de calor do edifício com o meio ambiente e, por isso, é necessário que o seu revestimento seja eficaz na proteção contra as variações térmicas. Também são inúmeros os fatores que, a longo prazo, podem danificar as fachadas, desde a ação das intempéries, das radiações diretas, a umidade, infiltração e a ocorrência de pontes térmicas - quando há a interrupção do isolamento - até problemas de condensação. O engenheiro José Luiz Canal, de Porto Alegre, mas com atuação consolidada também em São Paulo (leia PROJETOdesign 407, janeiro/fevereiro de 2014), acredita que atualmente a equipe de arquitetura deve contar com a presença de um projetista de fachada, um de acústica e um de climatização. “O leque de [projetos] complementares aumentou para que o prédio possa ter melhor desempenho”, ele afirma.
Em geral, tais quesitos têm em comum a exigência de comportamento estanque da fachada. “Na medida em que houver uma fachada modular e uma estrutura com isolamento eficiente, o prédio será eficiente. Além disso, é preciso ter uma estratégia efetiva em relação ao sol, não apenas restrita à escolha do material”, esclarece o engenheiro, salientando a natureza sistêmica dos projetos de arquitetura. Segundo ele, mudou a cultura do desenvolvimento do projeto - hoje, buscam-se sistemas e soluções diversos, artesanais ou industriais.
No segmento de revestimentos metálicos, assim, a Belmetal lançou recentemente a linha de painéis Aluacero, que podem ser fabricados com aço, alumínio ou cobre e possuem aberturas ou microperfurações que permitem a troca de ar com o exterior sem comprometer a estanqueidade da fachada, ou seja, impedindo a entrada de água no edifício. O material é leve, totalmente reciclável, tem montagem rápida e simples e possui ajustes para aplicação em cantos e curvas, chanfrados ou não. Também já existe no mercado brasileiro um revestimento de zinco.
Denominado ZCM (painel de zinco composto), ele é distribuído no país pela Projetoal e, por tratar-se de metal não ferroso, não oxida nem sofre corrosão; por não ser pintado, não há a possibilidade de desbotar, lascar ou descascar, o que implica maior durabilidade. Em fase de finalização da reforma e ampliação, a unidade do Sesc na avenida Paulista, em São Paulo, traz em sua fachada esse painel, comercializado em três tonalidades de cinza.
No que diz respeito à regulação das trocas de calor e umidade com o exterior, há soluções de complexidade crescente. Elas vão desde aquelas relacionadas ao princípio da proteção pela sobreposição de camadas sequenciais - como o revestimento StoTherm Next, da Sto, formado por painel adesivo, uma camada isolante, a base e o acabamento final (destaque para o isolamento térmico realizado pelo material) - até os sistemas de fachadas ventiladas.
Nesse segmento, há opções cerâmicas, como a linha Porcelanato, da Eliane Técnica, fabricada com matérias‑primas sintetizadas a altas temperaturas, o que gera baixíssima absorção de água e a não‑deterioração das características visuais - os formatos das peças (90 x 90, 60 x 120 ou 60 x 90 centímetros) permitem agilidade de execução e a possibilidade de aplicação sobre o antigo revestimento da fachada. Para propostas que buscam a personalização de forma, cor e textura do revestimento, as linhas produzidas pela Ulma Architectural, feitas com concreto polímero e recobertas com camada de gel coat superficial, o Shield Plus, oferecem proteção extra contra os raios ultravioleta e outros agentes atmosféricos. São três as opções de linhas comercializadas pela empresa: a Easy, simples e econômica, tem três texturas; a Vanguard permite cortes de painéis com medidas e formatos flexíveis; e a versátil Creaktive admite a personalização total, de cores, formas, design e texturas. Em Salvador, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA) foi recentemente renovado com o emprego de fachada ventilada, utilizando um sistema de posicionamento horizontal na cor grafite e textura terra, da linha Vanguard. Foram necessários cerca de seis meses para executar todo o revestimento, que soma 3,5 mil metros quadrados de superfície.
UM PASSO ADIANTE
A preocupação crescente da indústria da construção com o consumo de energia está implícita nas recentes pesquisas e lançamentos de produtos voltados à autossuficiência energética dos edifícios. No segmento dos painéis fotovoltaicos, para a captação da energia solar e sua transformação em eletricidade, o momento atual é o de disseminação do uso de placas integradas a fachadas. No Brasil, a Belmetal está lançando o sistema Offset Wall, composto por células que convertem a energia solar captada em energia elétrica e a transmitem para cabos ligados ao próprio empreendimento. Além do evidente benefício de economia e eficiência energética, esse tipo de fachada ecológica pode ser instalado no meio urbano, sem necessidade de área externa ou infraestrutura adicional.
A preocupação crescente da indústria da construção com o consumo de energia está implícita nas recentes pesquisas e lançamentos de produtos voltados à autossuficiência energética dos edifícios. No segmento dos painéis fotovoltaicos, para a captação da energia solar e sua transformação em eletricidade, o momento atual é o de disseminação do uso de placas integradas a fachadas. No Brasil, a Belmetal está lançando o sistema Offset Wall, composto por células que convertem a energia solar captada em energia elétrica e a transmitem para cabos ligados ao próprio empreendimento. Além do evidente benefício de economia e eficiência energética, esse tipo de fachada ecológica pode ser instalado no meio urbano, sem necessidade de área externa ou infraestrutura adicional.
Segundo Canal, não há, em termos absolutos, um tipo de fachada mais eficiente do que outros: “Cada projeto tem uma solução apropriada, desde que obedecidas questões da estanqueidade, ocorrência de ponte térmica e modulação. Depende do lugar, do tamanho, das necessidades e do orçamento”. O fundamental, conclui o engenheiro, é a capacidade da fachada de isolar o edifício sem obstruir a ventilação, através de peles protetoras.
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